29 março 2009

Lance de caça em 4 actos contínuos


Ilha Terceira, 26 de Agosto (aprox. 09:30), mar de onda larga e quase rasa, muito sol, vento fraco. Visibilidade vertical na água: 30 metros.

1º ACTO

Estava a fazer um agachon num dos cabeços de uma baixa da ilha 3ª, a cerca de 15 metros de profundidade, varrendo o azul em frente, ao lado, para trás e para baixo, quando no fim da apneia surge um lírio no meu flanco esquerdo. O lírio nadava vagarosamente na minha direcção, pondo em risco a minha apneia e consequentemente o agachon e, acima de tudo, a captura.

Os lírios são o que me levam àquela baixa, apesar de nesta altura ser possível encontrar outra bicharada de grande porte, nomeadamente atuns e wahoos. Como tal, este lírio era tudo o que queria para a minha jornada de caça: Nem mais, nem menos: Apenas aquele lírio!

De frente, o lírio aparentava ter cerca de 12 a 15kg, mas a sua cor cinza esbranquiçado era o prenúncio para outro calibre… Mas quem não me deixava estar para ali com pensamentos tão mundanos era a minha apneia, que estava a entrar no amarelo… Por isso, joguei a minha cartada: Colei-me mais à pedra, baixei a cabeça, recuei um pouco, entrincheirando-me mais. A coisa parece funcionar e o lírio, de curiosidade redobrada, acelera na minha direcção. Agora, mais perto, apercebo-me da largura da sua testa e subo a fasquia para os 20kg. Mas a excelente visibilidade ainda me toldava a percepção…

O lírio, agora a 5 metros, resolve começar a afundar… É a minha vez de jogar: Avanço sobre ele e desço, de arma esticada, na sua intercepção, disparo na oblíqua à cabeça e… Desespero!!!... A ponta do arpão não só não o trespassa como parece ficar alojada apenas na zona das brânquias do lado direito e a barbela parece estar na iminência de se desprender!!!... O lírio dispara para o fundo. CRIME!!!!! Injurio-me de toda a forma e feitio, com todos os nomes que me lembro ter conhecido, mas não chega, Neptuno encarrega-se - e bem! - de me deixar de consciência pesada, estatelada no fundo do mar.

2º ACTO

O fio do carreto já vai a meio e o peixe não parece querer abrandar. Dilema: Não quero colocar muita tensão no fio, mas sei que não posso deixá-lo chegar ao fim… As coisa acabam por acontecer mais rápido do que possa prever e ditar… Vejo o fio evaporar-se do carreto e aumento a tenção mordendo os lábios, de mau presságio… Finalmente o peixe parece nivelar a cerca de 25-30 metros de profundidade... Ufffff!!!!... Aproveito para chamar o João Pedro: “O peixe está mal trancado, tens de dobrar o tiro!!!”.

Novo estrebucho, e novo afundanço que me leva o resto do fio!!!... Começo imediatamente a nadar na direcção do peixe, tentando a todo o custo minimizar a tensão e recuperar algum fio, mas sem sucesso… O peixe dá mais duas sacudidelas e a força é, pela primeira vez, transmitida na íntegra até às minhas mãos: Estou a reboque e apenas tive tempo de dizer para mim próprio: “Quando perderes este lírio, vais voltar para o barco, arrumar o material e vais-te praguejar o resto do dia, “tal homem tolo”!”… E o peixe arrasta-me para baixo da superfície, sem que tivesse tempo de encher os pulmões!... Diminuo a velocidade de natação e concentro-me na apneia. Estou a 3 ou 4 metros de profundidade, sem ar nos pulmões e a ser arrastado por um lírio com mais de 20kg “preso por um fio”… Tudo está por um fio! Paro de nadar e tento relaxar para ganhar apneia. Nesta altura, em que estou a ser rebocado, surpreendo-me com o facto do arpão não se ter desprendido depois de tanta força de tracção. Estou de novo à superfície: Segundo Uffff!....

Começo a ganhar algum fio e peço ao João que tente chegar ao lírio. Não é coisa que se peça, pois mergulhar a 25 metros a partir de uma situação de natação moderada, não só não é fácil como pode ser perigoso. Tentou por duas vezes mas sem sucesso. Entretanto o lírio inverte o sentido e sinto o fio bambo… Recupero tudo o que posso, pois agora sou eu que quero manter alguma tensão. Parece estar muito mais perto, talvez uns 18 metros, quando dá outro sacão e vejo, para meu desespero, o arpão soltar-se!!!!!...

3ª ACTO

Mas em vez de repetir a cena das injúrias e de dar socos na água e gritos para dentro do tubo, resolvo não desistir!!!... Não desistir?!?!... O que se passou é que me apercebi que o peixe não estava em boas condições, depois destes extenuantes 15 minutos e parecia manter exactamente o mesmo comportamento que tinha tido antes. Ou seja, mantinha-se na casa dos 20-25 metros e nadava na mesma direcção e com a mesma velocidade, apesar de não ter nenhum arpão a retardá-lo. Vi a luz ao fundo do túnel…

Disse ao João para não o perder de vista e recolhi os cerca de 40 metros de fio do carreto. Nesta operação perdi o peixe de vista, mas segui sempre, 10 metros atrás, as barbatanas do João. Vi-o fazer mais duas tentativas, mas sem sucesso. Recuperei a posição e coloquei-me ao lado do João. Ele volta a mergulhar na sua derradeira tentativa: Cansado, tenta alcançar o lírio que parece nadar devagar, mas que na verdade só está a nadar devagar para o reino dos peixes e não para o reino dos homens-peixe… Força um pouco e quando julga ter o peixe finalmente a tiro, a 21 metros de profundidade, dispara… Mas o arpão nem sequer lhe toca, o peixe estava mais fundo do que lhe pareceu. Uma vez mais, a boa visibilidade a fazer das suas. O João nada para a superfície em dificuldade e apercebo-me que estava a pôr um pé fora dos seus limites: Alto! Pára e pensa! É nestas circunstâncias que a caça às vezes se torna perigosa, mas não pode!!!...

Esta última descida do João revelou dois pontos importantes: 1º- O lírio está realmente ferido e cansado (apesar do aparente mau tiro) e, acima de tudo, não esboçou a menor intenção de fuga ao aproximar de um caçador (É neste momento que sinto que o lírio poderá ser realmente capturado, apesar de até aqui tudo parecer indicar o contrário); 2º- O João estava a cometer o erro de estar a descer na oblíqua, ou seja, como estava a nadar à vertical do lírio, sempre que descia, descia na oblíqua para acompanhar o lírio. Por outras palavras em vez de ter descido a 21 metros é como se tivesse descido a um pouco mais, o que para quem estava a pisar os limites se torna ainda mais desvantajoso.

4º ACTO

Eu estava com o batimento cardíaco relativamente baixo, pois não tinha feito uma única descida desde que tinha arpoado o lírio. Avanço na direcção do peixe, ultrapassando-o e deixando-o aproximadamente 10 metros para trás. Enquanto nado, preparo a apneia e sinto que estou prestes a jogar a cartada final: Inspiração até quase rebentar, tubo fora, pato, mergulho na vertical, arma colada ao corpo e apenas mexo a cabeça para controlar a posição do lírio. Aos 15 metros páro de bater as pernas e deixo-me cair na direcção do peixe. Embora estivesse unicamente concentrado na técnica da imersão e na aproximação/disparo ao lírio, ao sentir-me acelerar significativamente (estava mal lastrado para esta profundidade (aprox. 2kg em excesso) e ao sentir a água mais fria e um ligeiro aperto nos pulmões (devido à pressão), apercebo-me que estou a mais de 20 metros e que não quero esticar a corda. Olho para o lírio e vejo que este já me tinha ultrapassado ligeiramente, corrijo a direcção, estico a arma e faço uma pausa antes de disparar. Fala-me a voz do interior: “Não dispares por que sim, porque tens de disparar, porque já tens o peixe mais ou menos a tiro... Espera pelo momento certo!”. Segui o conselho que estou em crer faz a diferença em muitos lances de caça, pois já perdi vários peixes por não ter dado a mim próprio aquele segundo de pausa para confirmar que estava tudo certo. Deslizei mais um pouco e, aí sim, vi com toda a nitidez o lírio, a sua pele, a forma dos ossos da cabeça, o olho – Agora sim estava realmente perto! - E por isso, quando premi o gatilho, sabia que não ia falhar. Dito e feito, o arpão entra quase na vertical, de trás para a frente, no centro da cabeça do lírio, no que parecia ser um tiro mortal. Mas não, o peixe contorce-se, dobra-se e roda sobre si próprio, fazendo o arpão parecer uma banana. Mais um olhar para o arpão e confirmo que nada mais me irá fazer perder este peixe: O arpão está definitivamente bem cravado na sua cabeça e ele perderá a réstia de força e vigor em breve.

Subo a parede de água e à superfície recolho o fio. Vou de encontro ao lírio, agora a apenas meia dúzia de metros de profundidade, e trago-o para a superfície, com este ainda a dar uns vigorosos sacões de cauda. Remato-o de seguida.

Grito de exaltação, estava realmente feliz. Feliz por ter capturado um belo exemplar, mais feliz por não ter perdido um belo lírio, quem sabe ferido mortalmente. Mas, acima de tudo, feliz por ter vivenciado este memorável lance de caça, em quatro actos, e sempre no arame!…

Chihuly???.....





28 março 2009

DALE CHIHULY - Towers

“The idea of a Tower just came from looking at one of my Chandeliers and imagining what it would look like upside down.”

Chihuly

Com uma diversificada e vastíssima obra, se que encontra espalhada por muitas partes do Mundo, torna-se difícil seleccionar os seus trabalhos.
Dou-vos a conhecer mais um pouco deste artista, desviando-me da linha dos trabalhos que já publiquei, mas que não se esgotaram (longe disso), e que também admiro, pela forma extraordinária com que trabalha o vidro, maioritariamente num entrelaçado de peças, que muitas vezes me parecem vindas duma impossível tarefa de execução, frequentemente aliadas a cores e tonalidades fortes, com texturas e formas muito próprias, que marcam e demarcam este artista de outros.
A outra vertente que também explora, e que aqui trago, são as “Torres”.



DALE CHIHULY
BLUE TOWER, 2000
ICELAND

DALE CHIHULY
ATLANTIS SEALIFE TOWER, 2008
ATLANTIS HOTEL
DUBAI, UNITED ARAB EMIRATES

DALE CHIHULY
COBALT & CITRON TOWER, 2004
ORLANDO MUSUEM OF ART
ORLANDO, FLORIDA
DALE CHIHULY
MOHEGAN SUN TOWER (IN THE MOCKUP STUDIO), 2001
UNCASVILLE, CONNECTICUT

25 março 2009

Da Série do Jazz que não chegou ao AngraJazz, por isso vamos "ouvê-lo" aqui, no Mangas! - V

E porque o prometido é devido, vamos, sem mais demora, "ouver" mais uma forma de Africazz - a tal que prometi ser ainda mais genuína que a apresentação anterior! -, desta feita através da música de Dollar Brand ou, se preferirem, Abdullah Ibrahim (nome que adoptou depois de se converter ao Islamismo).

(Podem "clicar" no "play" enquanto lêem o resto do "post")



Dollar Brand nasceu em África(!) - lá está!... "Africazz"!... - nos anos 30 e viveu sempre entre a sua terra Natal, a África do Sul, a Europa e os EUA. Começou novo a tocar piano e novo era quando se estreou nas actuações ao vivo ao tocar jazz em pequenas salas e bares da Cidade do Cabo. Ainda teve tempo para ser pioneiro ao participar no primeiro disco de jazz gravado por músicos negros na África do Sul!

Também participou no extraordinário tema "Mannenberg", de Coetzee (seu saxofonista), que se tornou talvez no principal hino (não-oficial) anti-apartheid.

O seu ímpar estilo musical sempre se revelou através da franca sonoridade africana - instrumental e vocal - e pelas felizes influências do Jazz Ocidental, de onde absorveu os magníficos arranjos do grande mestre compositor e pianista Duke Ellington (com especial destaque para a secção de metais) e ainda alguma sonoridade de outro mestre compositor e pianista, o grande Thelonious Monk. Por outro lado, o seu sui generis estilo de tocar piano é, acima de tudo, resultado de uma forte influência do Marabi, uma autóctone corrente musical originária na África do Sul. É ele, Ibrahim, um dos seus grandes divulgadores. Por fim, e para desconcertar, ainda tece alguns rasgos de escalas orientais e nuances de música Árabe!

Peço a vossa atenção para a música de Abdullah Ibrahim, este fabuloso compositor e intérprete de canções e temas africanos!





Na segunda metade da década de 80 tive a sorte de poder assitir a um concerto de Abdullah Ibrahim com a sua orquestra no pavilhão do Belenenses. Recordo, pela positiva, as melodias de encantar que rapidamente enfeitiçaram o público. Por feitiço ou não, certo é que o público se rendeu por completo a tão elevada forma de fazer música. Pela negativa ficou o registo de uma decadente acústica, originada pela reverberação da estrutura e das placas de zinco e plástico daquele polidesportivo.

Ao que parece, este ministro do Africazz ainda está pronto para as curvas e, assim sendo, pode ser que alguém (entre os vários milhares de leitores d'O Mangas) com direito de voto nesta matéria possa trazer Abdullah Ibrahim até ao AngraJazz!...

24 março 2009

O GRANDE ELIFOOT ! ! !

Alguem sabe jogar???

Da Série do Jazz que não chegou ao AngraJazz, por isso vamos "ouvê-lo" aqui, no Mangas! - IV

Independentemente das voltas que deu pelo mundo fora, mas especialmente dentro da América do Norte (EUA), o jazz, absorveu culturas antes de se tornar cultura. Aliás, não é, de todo, novidade alguma que o mesmo se aplica a tantas outras coisas que nos rodeiam.

Mas, no que respeita ao jazz, a matriz, porém, é negra, mais precisamente afro-americana. Sublinho afro de ÁFRICA! Nada de novo até aqui e (para dizer a verdade) nada de novo daqui para a frente... Tento apenas cumprir a minha função de mero divulgador de jazz neste magnífico blog!... E, neste papel, é com enorme prazer que vos trago aqui hoje uma das formas mais marcantes de ouvir e sentir África através do Jazz (Africazz!), com: Nina Simone!

Nina Simone é uma compositora, pianista e cantora sobejamente conhecida e muito embora seja facilmente identificável por um ou outro tema que a celebrizaram (como "My baby just cares for me"), eu gostaria de realçar o aspecto que sempre me marcou desta extraordinária mulher: A negra que, através da música, tão bem soube transportar a carga emocional dos africanos, feitos escravos, na América.

Quando ouço Nina Simone - voz e piano - faço-o com o mesmo estado de consciência com que observo um iceberg: O que está abaixo da superfície é parte integrante do corpo e é o que suporta a pequena porção que está à mostra, como tal é a sua razão de ser!

Assim temos (à mostra) o jazz, gospel, blues, soul, R&B, e até pop music(!) e música clássica (reparem em alguns dos solos de piano)! Mas acima de tudo temos aquilo que jamais esqueceremos: A profunda e sentida voz do cantar negro, do escravo negro, filho de África.

África, por sua vez, é tão somente quase tudo neste contexto: É todo o imenso corpo imerso que carrega a pequena porção que está à mostra.







No próximo "Da Série do Jazz que não chegou ao AngraJazz, por isso vamos "ouvê-lo" aqui, no Mangas!" vamos continuar no Africazz e prometo que não só não vamos descer de qualidade(!) como até irei apresentar uma forma de Africazz ainda mais genuína!

Até lá!

O pianinho voltou!...

E como é bom estar de volta!...

23 março 2009

1 Mês … e mais uma Década!


Faz hoje precisamente um mês que me iniciei no Mangas. Embora sendo conhecida dos Mangas, apresentei-me, uma vez que apenas o FLA é conhecedor da forma em que o fiz.
Gosto de fazer a ligação mental entre a escrita e a pessoa, pelo que sinto a necessidade de ter algum apontamento do seu exterior. Por isso o faço, aqui.
Mas … há 1 mês fiz uma brincadeira!
Iludi-vos! Tirei tempo ao tempo!
Por este motivo, hoje me apresento, tal como estou, ou seja, com mais uma década do que há 1 mês!


Para lembrar o mar dos Açores, a alguns mangas.



Para todos, mas especialmente para o Mascarenhas:

Impressão digital

Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.

Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.

António Gedeão in "Poesia Completa"

3 Meses....



Foram necessários nove meses para a minha gestação, e só preciso de três meses sem vencimento, como vos tinha dito, parto para a Índia e regresso no final de Junho. Em Julho estarei na Fajã de Sto. Cristo, os que aparecerem por lá, terei histórias e fotografias. Sempre que tiver oportunidade irei consultar a minha caixa de correio, e claro o Mangas, enviarei uns postais. Hasta la vista mangalhões!!!!!!!!!


21 março 2009

Air - La Femme D'Argent

Bonsoir Mangalhada

"Bonjour Tristesse" de Françoise Sagan

Uma das últimas escritoras existensialistas, Françoise Sagan, ficou mundialmente conhecida pela sua primeira obra, escrita aos 18 anos, "Bonjour Tristesse", escrita no Verão em que viu frustrados os seus esforços para entrar na conceituada Sorbonne.
Este pequeno livro com uma prosa contida, seca e quase austera, segue os passos de um pai e de uma filha numas férias de Verão. A visão da realidade que nos é dada através da visão destes personagens é dura, e por vezes mesmo cruel nos jogos emocionais que vão fazendo com as pessoas que cruzam o seu caminho.
"Pela noite dentro, falámos do amor, das suas complicações. Aos olhos de meu pai elas eram imaginárias. Recusava sistematicamente as noções de fidelidade, de seriedade, de compromisso. Explicava-me que elas eram arbitrárias, estéreis."
Este pequeno livro de Françoise Sagan viria a ser passado para filme e a marcar o início de uma carreira que foi longa e muito próspera, deixando aos seus leitores uma vasta bibliografia. Para quem se identifica com a corrente existencialista, nada melhor, que uma visita por esta obra. Mais tarde, virão Camus e Satre, e porque não a Simone de Beauvoir.


Assim reza o prólogo... mote...

Adieu tristesse
Bonjour tristesse
Tu es inscrite dans les lignes du plafond
Tu es inscrite dans les yeux que j'aime
Tu n'es pas tout à fait la misère
Car les lèvres les plus pauvres te dénoncent
Par un sourire
Bonjour tristesse
Amour des corps aimables
Puissance de l'amour
Dont l'amabilité surgit
Comme un monstre sans corps
Tête désappointée
Tristesse beau visage

Paul Eluard, La vie immédiate, 1932.

http://nofiodaspalavras-rtpm.blogspot.com/2008/10/bonjour-tristesse-franoise-sagan.html
http://prosacaotica.blogspot.com/2008/04/adieu-tristesse-bonjour-tristesse-tu-es.html

qUINO


haNNah hÖch - collage


20 março 2009

Recordar ... SUZANNE VEGA



E como as Freiras do meu Convento eram divertidas, e até iam para o Satiricon, recordo uma cantora que surgiu anos 80’s e que, embora não sendo apreciada por alguns, se tornou conhecida por algumas músicas, nomeadamente “Luka”.




Suzanne Vega era a minha cantora de eleição e, hoje, ao ouvir as suas músicas, continuam actuais para mim. As músicas não tão popularizadas, como “Small Blue Thing”, “Marlene On The Wall” e outras, admiro-as, talvez, mais ainda.

Para Lembrar cLInt Eastwood!!

Chihuly: The Nature of Glass

Scorpion Tails and Bamboo, 2008


Blue Fiddleheads, 2008


Ruby Fiddleheads, 2008


Para quem apreciou Dale Chihuly, escultor de vidro nascido nos Estados Unidos, cujas obras se encontram espalhadas por todo o mundo, aqui estão mais algumas das muitas que possui, e que se encontram em exposição no:
Desert Botanical Garden in Phoenix, Arizona
November 22, 2008 - May 31, 2009

Mousse T. feat. Emma Lanford - Is It 'Cos I'm Cool?

Já estão convidadas para a Mangalhada...

19 março 2009

sEMPé


bURT gliNN - phOTOS


Eduardo Galeano - La historia que pudo ser





La historia que pudo ser

Cristóbal Colón no consiguió descubrir América, porque no tenía
visa y ni siquiera tenía pasaporte.

A Pedro Alvares Cabral le prohibieron desembarcar en Brasil,
porque podía contagi ar la viruela, el sarampión, la gripe y otras
pestes desconocidas en el país.

Hernán Cortés y Francisco Pizarro se quedaron con las ganas de
conquistar México y Perú, porque carecían de permiso de trabajo.

Pedro de Alvarado rebotó en Guatemala y Pedr o de Valdivia no
pudo entrar en Chile, porque no llevaban certificados policiales de
buena conducta.

Los peregrinos del Mayflower fueron devueltos a la mar, porque
en las costas de Massachusetts no había cuotas abiertas de
inmigración.
Eduardo Galeano

18 março 2009

bANKSy

















Waterboys • The Whole of the Moon • 1985 Concert

I pictured a rainbow
you held in your hands
I had flashes
but you saw then plan
I wondered out in the world for years
while you just stayed in your room
I saw the crescent
you saw the whole of the moon!
The whole of the moon!
You were there at the turnstiles
with the wind at your heels
You stretched for the stars
and you know how it feels
To reach too high
too far
Too soon
you saw the whole of the moon!
I was grounded
while you filled the skies
I was dumbfounded by truths
you cut through lies
I saw the rain-dirty valley
you saw Brigadoon
I saw the crescent
you saw the whole of the moon!
I spoke about wings
you just flew
I wondered, I guessed, and I tried
you just knew
I sighed
but you swooned
I saw the crescent
you saw the whole of the moon!
The whole of the moon!
With a torch in your pocket
and the wind at your heels
You climbed on the ladder
and you know how it feels
To reach too high
too far
Too soon
you saw the whole of the moon!
The whole of the moon!
Unicorns and cannonballs,
palaces and piers,
Trumpets, towers, and tenements,
wide oceans full of tears,
Flag, rags, ferry boats,
scimitars and scarves,
Every precious dream and vision
underneath the stars
You climbed on the ladder
with the wind in your sails
You came like a comet
blazing your trail
Too high
too far
Too soon
you saw the whole of the moon!


clAUdE sErrE


phILIpe halsMAN - phOTOS


16 março 2009

Bauhaus

Porque estamos numa de "Nouvelle vague" e como estamos temporiariamente sem "Sinais de uma fataça" aqui fica um apontamento sobre a Bauhaus escola e grupo.


A Staatliches Bauhaus (literalmente, casa estatal de construção, mais conhecida simplesmente por Bauhaus) foi uma escola de design, artes plásticas e arquitetura de vanguarda que funcionou entre 1919 e 1933 na Alemanha. A Bauhaus foi uma das maiores e mais importantes expressões do que é chamado Modernismo no design e na arquitetura, sendo uma das primeiras escolas de design do mundo.

A escola foi fundada por Walter no ano de 1919, a partir da reunião da Escola do Grão-Duque para Artes Plásticas com a Kunstgewerberschule. A maior parte dos trabalhos feitos pelos alunos nas aulas-oficina foi vendida durante a Segunda Guerra Mundial. A intenção primária era fazer da Bauhaus uma escola combinada de arquitetura, artesanato, e uma academia de artes, e isso acabou sendo a base de muitos conflitos internos e externos que se passaram ali.

Gropius pressentiu que começava um novo período da história com o fim da Primeira Guerra Mundial e decidiu que a partir daí dever-se-ia criar um novo estilo arquitetônico que refletisse essa nova época. O seu estilo tanto na arquitetura quanto na criação de bens de consumo primava pela funcionalidade, custo reduzido e orientação para a produção em massa, sem jamais limitar-se apenas a esses objetivos. O próprio Gropius afirma que antes de um exercício puro do racionalismo funcional, a Bauhaus deveria procurar definir os limites deste enfoque, e através da separação daquilo que é meramente arbitrário do que é essencial e típico, permitir ao espírito criativo construir o novo em cima da base tecnológica já adquirida pela humanidade. Por essas razões Gropius queria unir novamente os campos da arte e artesanato, criando produtos altamente funcionais e com atributos artísticos. Ele foi o diretor da escola de 1919 a 1928, sendo sucedido por Hannes Meyer e Ludwig Mies van der Rohe.

A Bauhaus tinha sido grandemente subsidiada pela República de Weimar. Após uma mudança nos quadros do governo, em 1925 a escola mudou-se para Dessau, cujo governo municipal naquele momento era de esquerda. uma nova mudança ocorre em 1932, para Berlim, devido à perseguição do recém-implantado governo nazista.

Em 1933, após uma série de perseguições por parte do governo hitleriano, a Bauhaus é fechada, também por ordem do governo. Os nazistas que se opuseram à Bauhaus durante a década de 1920, bem como a qualquer outro grupo que tivesse uma orientação política de esquerda. A escola foi considerada uma frente comunista, especialmente porque muitos artistas russos trabalhavam ou estudavam ali. Escritores nazistas como Wilhelm Frick e Alfred Rosenberg clamavam directamente que a escola era "anti-Germânica," e desaprovavam o seu estilo modernista. Contudo, a Bauhaus teve impacto fundamental no desenvolvimento das artes e da arquitectura do ocidente europeu, e também dos Estados Unidos da América e Israel nas décadas seguintes - para onde se encaminharam muitos artistas exilados pelo regime nazista. A Cidade Branca de Tel Aviv, em Israel, que contém um dos maiores espólios de arquitectura Bauhaus em todo o Mundo, foi classificada como Património Mundial em 2003.

O principal campo de estudos da Bauhaus era a arquitetura (como fica implícito até pelo seu nome), e procurou estabelecer planos para a construção de casas populares baratas por parte da República de Weimar. Mas também havia espaço para outras expressões artísticas: a escola publicava uma revista chamada Bauhaus e uma série de livros chamados Bauhausbücher. O diretor de publicações e design era Herbert Bayer. (in wikipedia)

E porque tambem houve musica, quando o Peter Murphy era novinho !!


fRANÇOIs truFFaut (1932-1984) - Nouvelle Vague

Cineasta francês, um dos fundadores do movimento Nouvelle vague, de natureza contestatária própria dos anos sessenta e, transgressora das regras normalmente aceites para o cinema comercial. Deixo-vos uma amostra muito pequena, para os que estejam interessados, está disponível a filmografia completa na videoteca Mangas, contactar no "Canal Interno". Recomenda-se, estão na lista dos 100 filmes que devem ser vistos antes de "embarcar".



"Les 400Coups"

"Jules et Jim"


Magníficos!!!!!

mOrdiLLo



15 março 2009

Nouvelle Vague vs Nouvelle Vague



Nouvelle Vague num filme Nouvelle Vague, ou seja, Nouvelle Vague num filme do Jean Luc Godard (Vivre sa Vie: Film en Douze Tableaux)e a versão dos Nouvelle Vague do Dancing with Myself do Billy Idol.




Outra vez Nouvelle Vague num filme Nouvelle Vague, ou seja, Nouvelle Vague num filme do François Truffaut (Tirez sur le pianiste), e a versão dos Nouvelle Vague do Just Can't get enough dos Depeche Mode.

O Mangas recomenda: Nouvelle Vague e Alexander Balanescu

A música é de um anúncio, mas é fantástica!



Agoa a versão dos nouvelle vague...



E no youtube ainda tem mais. Uma versão do Bela Lugosi's Dead dos Bauhaus, etc, etc...

Boa pesca Mascarenhas, os genes da pescaria ainda correm no teu sangue!