22 janeiro 2009

"Divirtam-se" de Paulo Geraldo


"Divirtam-se!
A experiência é uma coisa muito interessante. É servindo-nos dela que aprendemos grande parte daquilo que sabemos; por ela orientamos, muitas vezes, os nossos passos; com ela evitamos a repetição de dissabores e procuramos aquilo que já sabemos ser bom. A experiência poderia servir para que a nossa vida fosse muito mais previsível e controlável, mais cómoda e segura, livre de problemas. Uma maçada, no fundo...Felizmente, a natureza possui aspectos desconcertantes que têm o condão de permitir que, apesar de existir a experiência, a nossa vida seja em cada um dos seus momentos uma aventura.Um deles é que a experiência que adquirimos numa fase da nossa vida não nos serve de nada quando chegamos à fase seguinte. Assim, terminada a infância, aquilo que nela aprendemos de pouco nos vem a servir na adolescência, pois ali tudo se torna novo e estranho. Na maturidade tudo se transforma mais uma vez. São outras as cores daquilo que nos rodeia, os desafios são diferentes; temos novas capacidades, que estreamos como quem utiliza um brinquedo novo. Depois, caem as folhas, arrefece o sangue e tudo é de novo estranho. Mas de uma estranheza diferente, desconhecida.E envelhecer é outra aventura. Quando lá chegamos não fazemos ideia do que nos espera.E a morte... Como ter experiência da morte? Se nas fases anteriores ainda nos podemos socorrer da experiência de outras pessoas, neste caso ninguém nos pode ajudar. A morte é a grande e definitiva aventura.Apesar da experiência que vamos adquirindo, chegamos, a cada uma das nossas épocas, inexperientes e inseguros como meninos.A falta de memória também contribui para tornar esta nossa vida mais divertida. Como os pais já não se lembram muito bem de como eram quando eram crianças, educar os filhos transforma-se numa emocionante aventura, cheia de novidades diárias.A vida, na sua magnífica diversidade, vai-nos oferecendo constantemente novas situações, para as quais nunca estamos verdadeiramente preparados. Algumas são duras: um fracasso grande, uma doença que veio para ficar, a morte de alguém que nos faz falta...Estas limitações da experiência forçam-nos a crescer continuamente; mantêm-nos tensos, esforçados. Permitem-nos ter constantemente objectivos diferentes. Dão colorido à nossa vida. É assim que nos podemos manter de algum modo jovens em qualquer idade. Quem programou este jogo da vida fê-lo de forma a que ele tivesse sempre interesse. Subimos de nível, saltamos do material para o espiritual, varia o grau de dificuldade, mudam os adversários e o ambiente - como nos jogos electrónicos... Não somos poupados a sofrimentos, mas é-nos dada a possibilidade de reagir e continuar a avançar. Se temos saudade do que ficou atrás, também nos é permitido sonhar com o que está adiante. Se conservamos o sabor de derrotas que tivemos, também planeamos a vitória que se segue.No jogo da vida, as derrotas deixam marcas, as feridas fazem mesmo doer, muitas vezes não recuperamos aquilo que perdemos. Estamos ancorados à realidade e, por isso, para nos divertirmos, para nos sentirmos como aventureiros no meio de tudo isto, temos necessidade de coragem. E de não calarmos aquilo que dentro de nós nos chama a um sonho, clama por aventura, pede para fazermos com a vida qualquer coisa que seja grande.Poderíamos dar ouvidos ao medíocre que quer instalar-se em nós. E evitar, por medo e preguiça, as dificuldades, as complicações, o sonho. Mas "evitar o perigo não é, a longo prazo, tão seguro quanto expor-se ao perigo. A vida é uma aventura ousada ou, então, não é nada". Quem disse isto foi Helen Keller, a menina cega, surda e muda que veio a ser pedagoga e escritora.A mediocridade tira toda a graça e todo o sal ao tempo que passamos aqui."
Paulo Geraldo

Nota do Autor : Escrevi todos os textos que encontra neste lugar. Pode utilizá-los desde que indique o autor e a fonte (http://cidadela.net). Se colocar um texto em algum lugar na internet, deixe também uma ligação para a Cidadela.

10 comentários:

Anónimo disse...

Mmmm... Onde é que eu já li isto?.....

Anónimo disse...

Viram como não é necessário ter fotografias para postar

Anónimo disse...

Acho que li isso, mas o outro tinha mais espirito académico.

FLA disse...

Não conhecia Paulo Jorge Geraldo, através deste texto, aliás fabuloso, suscitou-me uma certa curiosidade e fui ler mais alguns na "Cidadela", realmente merecem referência. Em relação ao outro assunto, parece que foi usado de uma forma taxativa, o que vislumbro um final igual ao navio Ponta Delgada. Felicidades ao Paulo Jorge Geraldo

Anónimo disse...

AHHhhhhhh!... Já sei!... Plágio, meus caros!!!... Este texto, sei eu bem, foi escrito por Lia d'Orelha! E digo que sei porque o vi no local onde escreveu, com estes olhinhos que a terra há-de comer!...

Anónimo disse...

Ò amigo, Estás enganado... FYI: Quem tu viste só lia não escrevia...

Anónimo disse...

realmente o trauma de exclusão persiste.

utilizando termos taurinos, diria que os mangas utilizam cnstantemente a sorte de varas...

são uns mangalhões.....

Anónimo disse...

Ò Amigo Tauromáquico, não consigo perceber qual é o teu problemazinho, seria porque o Rei ia nu, ou então, estamos passando por algum problema de agregação?

Anónimo disse...

Exacto! Acima de tudo isto não passa de um local de convivência de um bando de tramáticos e... dos seus admiráveis visitantes!

"Voando sobre um ninho de cucos"

Anónimo disse...

noto alguma irritação....
Isso não é ser mangas!É antes, ser mangongas.