15 fevereiro 2009

15 de Fevereiro…


… de 1875. Publicação do Crime do Padre Amaro. O primeiro romance de Eça de Queiroz sai em folhetins na Revista Ocidental. Viria a ser publicado em volume no ano seguinte com muitas alterações. Na edição de 1880, considerada definitiva, sofreria uma revisão ainda maior.




Romance anticlerical dos mais ferozes, é passado em Leiria, onde o Padre Amaro Vieira, ingénuo e psicologicamente um fraco, vai assumir sua paróquia. Hospedando-se na casa da Senhora Joaneira, acaba por se envolver sexualmente com sua filha Amélia. Amaro conhece então o cinismo dos seus colegas, que em nada estranham sua relação com a jovem. Grávida, Amélia acaba por morrer no parto e Amaro entrega a criança a uma "tecedeira de anjos". Morta também a criança, Amaro, agora um cínico descarado, prossegue com a sua carreira.

O romance, que critica violentamente a vida provinciana e o comportamento do clero, foi durante décadas leitura proibida em muitas escolas de Portugal e do Brasil.

Este foi o romance que Eça mais estimou e corrigiu. É a primeira realização artística do realismo português. A própria temática o comprova, já que o clero é o elemento mais estudado por esta escola.
É o facto de ser nomeado administrador do concelho de Leiria que o obriga a deslocar-se para aí durante seis meses, o que lhe permite conhecer e estudar aquele que seria o cenário de O Crime do Padre Amaro.

http://fredb.sites.uol.com.br/amaro.html
http://www.citi.pt/cultura/literatura/romance/eca_queiroz/crime_padre.html
http://www.vidaslusofonas.pt/eca_de_queiros.htm
http://purl.pt/93/1/iconografia/imagens/j358_1875_rosto/j358_1875_rosto_3.jpg

3 comentários:

FLA disse...

Nessa época Portugal viva numa época de grande instabilidade social, económica e cultural. Na Europa, estava-se a viver o pós Revolução Industrial, e Portugal mantinha-se num país agrário e de analfabetos. A separação Igreja-Estado, ainda não se tinha efectivado, que acabava por exercer uma grande influência no Governo. O Eça pertencia à geração de 70, ligado ao Grupo dos Cinco: Oliveira Martins, Ramalho Ortigão e Antero de Quental, que muito ferozmente lutaram contra a situação instalada. Não se esqueçam que passados 100 anos, pertencemos a uma geração de licenciados designada por “filhos de pais com enchada na mão”, ainda estão muito actuais os assuntos que Eça de Queiroz abordou.

FLA disse...

Penso que a próxima geração é chamada "1000 euros", limite estabelecido pelos recibos verdes

Atlante disse...

Pois porque agora vivemos a geração 500 euros...