09 março 2009

9 de Março…


… de 1500. Partida da frota de Pedro Álvares Cabral para a viagem que daria origem à descoberta do Brasil.
A frota era composta por treze navios onde viajavam mais de mil homens.
Pouco antes da partida, D. Manuel mandou rezar uma missa onde benzeu uma bandeira com as armas do Reino. Entregou-a em mãos a Cabral de quem se despediu bem como dos restantes capitães.
Vasco da Gama teceu considerações e recomendações para a longa viagem. A coordenação entre os navios era crucial para que não se perdessem uns dos outros. Recomendou então ao capitão-mor disparar os canhões duas vezes e esperar pela mesma resposta de todos os outros navios antes de mudar de rumo ou de velocidade.

Frota de Pedro Álvares Cabral
A 22 de Abril de 1500, a frota comandada por Pedro Álvares Cabral chega ao território onde hoje se encontra o Brasil.
Não se sabe se de forma acidental ou propositada (graças à carta da viagem de Vasco da Gama), avistou-se terra chã, com grandes arvoredos. Ao monte avistado, Cabral chamou Monte Pascoal (o desembarque realizou-se na altura da Páscoa) e à terra deu o nome de Ilha de Vera Cruz uma vez que se acreditava não ser muito extensa. Quando se descobriu ser um continente, denominaram-na Terra de Santa Cruz.


A frota desembarcou na Baia Cabrália (zona de Porto Seguro, no Estado da Bahia) onde permaneceu até 2 de Maio. A frota de Cabral rumou então para as Índias, seu objectivo inicial, enviando no entanto, um dos navios de volta a Portugal com a carta de Pêro Vaz de Caminha (carta enviada a D. Manuel dando conta do descobrimento do Brasil).

"Senhor,
posto que o capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães, escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que nesta navegação agora se achou, não deixarei também de dar minha conta disso a Vossa Alteza (...)
(...) do que hei de falar começo e digo: a partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, 9 de Março. Sábado, 14 do dito mês, entre as oito e as nove horas, nos achamos entre as Canárias, mais perto da Grã-Canária, onde andamos todo aquele dia em calma, à vista delas, obra de três a quatro léguas (...)
E assim seguimos nosso caminho por este mar, de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram vinte e um dias de Abril (...) topámos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topámos aves a que chamam fura-buxos. Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra!
Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome, o Monte Pascoal, e à terra, a Terra de Vera Cruz (...)
Pela manhã fizemos vela e seguimos direitos à terra (...) avistámos homens que andavam pela praia.
Afonso Lopes (...) meteu-se logo no batel e tomou dois deles.
Um deles trazia um arco e seis ou sete flechas (...) Trouxe-os logo ao capitão em cuja nau foram recebidos com muito prazer e festim. A feição deles é serem pardos (...) avermelhados, de bons rostos e bons narizes (...) Andam nus (...) os seus cabelos são corredios (...) e um deles trazia uma espécie de cabeleira de penas de ave (...)
O capitão (...) estava com um colar de oiro ao pescoço. Um deles pôs o olho no colar do capitão e começou de acenar com a mão para terra e depois para o colar como que nos dizendo que ali havia ouro. Também olhou para o castiçal de prata e assim mesmo acenava para terra (...) Mostraram-lhes um papagaio; tomaram-no logo na mão e acenaram para terra (...) Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela (...)
Estavam na praia (...) obra de 60 (...) Vieram logo para nós sem se esquivarem (...) Pareceu-me gente de tal inocência que se homem os entendesse e eles a nós seriam logo cristãos (...)"
Excerto adaptado da carta de Pêro Vaz de Caminha

6 comentários:

FLA disse...

Boa resenha histórica.

Graciete disse...

Sem dúvida!
Gosto sempre de ler as cartas dos escritos antigos. São tão descritivas e ricas de pormenores.

PS: só hoje reparei que, no título, o Fataça já tinha ficado para trás e agora, também lá se foram os Sinais!

fataça disse...

Está implícito no genial genérico do Brambas, "Sinais de uma Fataça".
A rubrica está de pedra e cal, amanhã há mais.

Abraçetes

Graciete disse...

Fataça, não te zangues comigo!!!
Apenas constatei que não estava explícito ... e gostava tanto daquela daquela atribuição!...
Sei que de pedra e cal lá está, e eu cá para as ler, sempre com imenso prazer.

mascarenhas disse...

Foram actos de espionagem e de contra-informação Histórica. E assim conseguise enganar os Espanhois.

Anónimo disse...

Ate parece um post do Paulo Monteiro no seu blog "No Arame".